Uma Vitória ainda à ser
Conquistada
A cerca de 4 anos, fui
consultado pela EMBASA Empresa Bahiana de Saneamento, para propor uma alternativa para a destinação final do lodo
resultante do tratamento de esgoto coletado pela rede municipal da cidade de
Vitória da Conquista, que seria gerado
no então projeto da nova estação de tratamento da cidade. Hoje, a nova estação é realidade, mas
falta-lhe atender uma condicionante da Licença Ambiental, que trata da secagem
e destinação do lodo gerado na estação.
Aqui se faz necessária uma rápida
explicação sobre o atual sistema de tratamento do esgoto da cidade , que é a
atual única estação de tratamento , na verdade um conjunto de lagoas de
estabilização , muito eficientes técnicamente , porem gerando gás Sulfidrico
com seu desagradável cheiro de ovo podre ( pode ser letal se concentrado) , incomodando
sobremaneira a população em seu intorno, praticamente dentro da cidade .
Esta estação, denominada com o sugestivo codinome “Pinicão”, terá totalmente desviado o atual fluxo de
esgoto que recebe diariamente, para a nova estação de tratamento , muito
moderna, a nova ETE de Vitória da Conquista, situada a 7 quilometros , praticamente
fora da cidade.
Ao invés de lagoas, a nova
estação dotada de modernos biodisgestores, tratará de maneira mais eficiente pelas
próximas duas dezenas de anos , todo o
esgoto gerado pela população de Vitória da Conquista, atualmente cerca de 350
mil habitantes.
Acontece que estes modernos sistemas
( ETE) aumentam a eficiência , tratando
mais volume em menor tempo, porem geram muito mais lodo, que por exigência da legislação ambiental, deve ser
destinado à aterros credenciados . A nova
estação deverá gerar , quando em plena carga, 40 toneladas de lodo desaguado , diariamente. Vitória da Conquista não possui um local
credenciado para receber este tipo de resíduo, devendo portanto ser destinado à
Salvador , local mais próximo, distante 500 km.
A solução , ao meu entender,
uma vez caracterizado como passível de aplicação na agricultura ( normatizado
pelo CONAMA) seria então sanitizar o lodo gerado, para que seja utilizado aqui
mesmo no Planalto Conquistense, como poderoso adubo agrícola.
Então, retomando á consulta
da EMBASA, como trabalhei vários projetos com desaguamento, compostagem e secagem
, e o aproveitamento do lodo residual de tratamento de efluentes, apresentei
à Diretoria Técnica na sede Salvador da
Empresa, duas alternativas, viáveis tecnicamente e com bases sócio-ambientais
na sua implantação, sejam , primeiramente a compostagem do lodo, gerando um
ótimo substrato para uso agrícola, e em segunda alterantiva, a secagem ,
gerando o biossolido , aplicável na cafeicultura e silvicultura , duas
fortes culturas presentes no Planalto
Conquistense. As duas propostas levam em
consideração a sanitização do lodo, permitindo-lhe a destinação como disposição
agrícola.
Estas operações já são
comuns no Estado de São Paulo, com a SABESP, no Paraná com a SANEPAR, exemplos
reais de que é possível atenuar o impacto ambiental da disposição do lodo, com
vantagens econômicas.
Ambas tecnologias são totalmente
factíveis para nossa realidade aqui em Vitória da Conquista. Eu conheço
detalhadamente a tecnologia e a operacionabilidade para aplicação de ambas na nova estação de
tratamento de Vitória da Conquista, aliás, na oportunidade da exposição à
Diretoria Tecnica da EMBASA foi exposto o custo e o cronograna de ambos projetos.
Infelizmente, a cidade ainda não conquistou esta vitória.
Pessoalmente, já operei com
ambos , e defendo os dois, pois entendo que podem perfeitamente serem aplicados
na nova ETE, com economia de recursos financeiros e ambientais.
A compostagem é um processo mais
lento, exige maiores espaços. A secagem é praticamente instantânea, os
equipamentos ocupam espaços reduzidos e o biossolido pode ser aplicado de
imediato, porem exige investimentos maiores.
E ambas técnicas podem
perfeitamente serem aplicadas na operação de esgotamento do “Pinicão”, quando
for definitivamente desativado pela entrada de operação da nova ETE.
As lagoas de
estabilização podem ser dragadas, desaguado o lodo através de decanter
(centrifuga) e depois passadas em um secador térmico a biomassa, atraves de
equipamentos móveis contratados especificamente para este fim, produzindo no
final do processo, um biossolido seco, sanitizado e peletizado, pronto para
compor adubação do novo paisagismo planejado na área do “Pinicão”, convertendo-o de uma latrina a céu aberto em uma área saudável de lazer para o cidadão
Conquistense. Um novo cartão postal da cidade, uma aula viva de educação
ambiental, do uso correto do erário publico. Quem sabe, um belo exemplo
nacional. Uma Vitória ainda à ser Conquistada
Renato Ariboni , biologo ariboni.renato@gmail.com
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