20 fevereiro 2012

ECO soluções para o Lodo Gerado no Tratamento de Efluentes (1)

À tempos venho pesquisando formas alternativas de aproveitamento de lodos gerados pelos processos de tratamento de efluentes industriais, em estações de tratamento de águas e esgoto, e a partir deste blog, estarei expondo minhas experiências nestes focos, começando neste primeiro tempo , pelo sistema de “bags desaguadores” .
Trabalhei alguns meses no desenvolvimento de um sistema de desaguamento de lodos, realizado através de bolsas , fabricadas em geotecido, eu e meu colega "véi" de faculdade, ( assim falando, parece que foi ontem, mas já se foram mais de trinta anos....) ,  Paulo Roberto Cielo.
Este sistema, batizado de AmbientalBag™ , foi modelado baseando-se nas necessidades verificadas junto a clientes, que precisavam desaguar lodos gerados em seus processos industriais e no tratamento de efluentes, mas que necessariamente devessem ser de baixo custo, eficientes e que não envolvessem maiores investimentos com infra-estruturas e mão de obra altamente especializada , além das autarquias municipais, que devolvem para a natureza, os residuos finais resultantes do tratamento da água coletada dos mesmos mananciais.
Vale a informação que qualquer processo industrial de transformação de matéria, pode gerar resíduos , e quando estão envolvido líquidos no processo, estes, antes de serem descartados, precisam ser tratados , começando pela filtração, passando pelo tratamento químico, até a desidratação, conforme conveniência e atendendo a legislação ambiental pertinente. O objetivo portanto,  é atender a legislação e conseguir maximamente reaproveitar o que se pode dos efluentes.
Neste ponto, derivamos o assunto, para o estudo da questão de lodos de Estações de Tratamento de Aguas , as ETAS.
Por que o reaproveitamento de lodo de ETA ?
Antes, uma breve introdução ao sistema de tratamento de águas municipais :  basicamente,  a água de abastecimento publico é retirada de um corpo d’agua, (rios, represas, lagos, ), através de bombas é levada até um sistema de armazenamento e nele, por processos físico-quimicos, purifica-se a água, e com a inclusão de produtos sanitizantes, potabiliza-se para então permitir sua distribuição à população.
No processo de tratamento, basicamente , realiza-se uma filtração através de gradientes de areia, na qual os detritos suspensos são retirados . Com o passar do tempo e das filtragens, estes filtros colmatam, isto é, não filtram mais, e precisam ser limpos. Quando então estes filtros são retro-lavados, estas águas com aparência de lama são devolvidas para o corpo d’água que foi inicialmente coletada.  Este é o cenário de quase 100% das ETAs no Brasil.
No tratamento destas águas de retro lavagens dos filtros,  entra em cena o sistema de bolsas deságuadoras.  Estes sistemas,  permitem realizar a percolação seletiva no lodo, isto é, o tecido da estrutura da bolsa é permeável para a água mas não para o particulado, que fica retido no interior da bolsa.
As águas percoladas, agora livres de material particulado, podem ser direcionadas ou para reaproveitamento para outras atividades, até industriais, chamadas Agua de Reuso,  inclusive até geradora de renda  com sua comercialização. Aliás, este é um modelo já adotado pela SABESP , com grande procura pelas industrias , pois seu custo é menor se comparado ao da água potável distribuída pela mesma.   
O aproveitamento do lodo, que ficou retido no interior do sistema desaguador, poderá então seguir várias rotas de reutilização , com cunho  econômico e social, além do ambiental, como produção de tijolo ecológico (engobe) , placas de piso, utilizados para a edificação de moradia popular, inclusive integrando a comunidade , capacitando-a para sua produção e utilização.
O processo é simples, ambientalmente, socialmente correto, econômico e  pode ser aplicado sem contra indicação em qualquer ETA.
Lama resultante da retro-lavagem de ETA

Testes definem o tipo de trama do tecido da bolsa mais conveniente para o desaguamento e retenção do particulado

Enchimento da bolsa geotextil com lodo bombeado do Decantador da ETA


Atingida a capacidade volumetrica de acumulo dos solidos na bolsa, o lodo desaguado pode ser reaproveitado para a fabricação de tijolos (engobe) , e a agua percolada, reaproveitada como Água de Reuso.


Ganha a natureza, ganha o homem.

Renato Ariboni -  Biólogo       ariboni.renato@gmail.com