15 abril 2013

Secagem de lodo resultante do tratamento de esgoto na nova ETE de Vitória da Conquista


Uma Vitória ainda à ser Conquistada

A cerca de 4 anos, fui consultado pela EMBASA Empresa Bahiana de Saneamento, para propor uma  alternativa para a destinação final do lodo resultante do tratamento de esgoto coletado pela rede municipal da cidade de Vitória da Conquista, que seria  gerado no então projeto da nova estação de tratamento da cidade.   Hoje, a nova estação é realidade, mas falta-lhe atender uma condicionante da Licença Ambiental, que trata da secagem e destinação do lodo gerado na estação.
Aqui se faz necessária uma rápida explicação sobre o atual sistema de tratamento do esgoto da cidade , que é a atual única estação de tratamento , na verdade um conjunto de lagoas de estabilização , muito eficientes técnicamente , porem gerando gás Sulfidrico com seu desagradável cheiro de ovo podre ( pode ser letal se concentrado)  ,  incomodando sobremaneira a população em seu intorno, praticamente dentro da cidade  .   Esta estação, denominada com o sugestivo codinome “Pinicão”,  terá totalmente desviado o atual fluxo de esgoto que recebe diariamente, para a nova estação de tratamento , muito moderna, a nova ETE de Vitória da Conquista, situada a 7 quilometros , praticamente fora da cidade.
Ao invés de lagoas, a nova estação dotada de modernos biodisgestores, tratará de maneira mais eficiente pelas próximas  duas dezenas de anos , todo o esgoto gerado pela população de Vitória da Conquista, atualmente cerca de 350 mil habitantes.
Acontece que estes modernos sistemas ( ETE)  aumentam a eficiência , tratando mais volume em menor tempo, porem geram muito mais lodo, que por  exigência da legislação ambiental, deve ser destinado à aterros credenciados .  A nova estação deverá gerar , quando em plena carga, 40 toneladas de lodo desaguado , diariamente.   Vitória da Conquista não possui um local credenciado para receber este tipo de resíduo, devendo portanto ser destinado à Salvador , local mais próximo, distante 500 km. 
A solução , ao meu entender, uma vez caracterizado como passível de aplicação na agricultura ( normatizado pelo CONAMA) seria então sanitizar o lodo gerado, para que seja utilizado aqui mesmo no Planalto Conquistense, como poderoso adubo agrícola. 
Então, retomando á consulta da EMBASA, como trabalhei vários projetos com desaguamento, compostagem e secagem , e o aproveitamento do lodo residual de tratamento de efluentes, apresentei à  Diretoria Técnica na sede Salvador da Empresa, duas alternativas, viáveis tecnicamente e com bases sócio-ambientais na sua implantação, sejam , primeiramente a compostagem do lodo, gerando um ótimo substrato para uso agrícola, e em segunda alterantiva, a secagem , gerando o biossolido , aplicável na cafeicultura e silvicultura , duas fortes  culturas presentes no Planalto Conquistense.  As duas propostas levam em consideração a sanitização do lodo, permitindo-lhe a destinação como disposição agrícola.
Estas operações já são comuns no Estado de São Paulo, com a SABESP, no Paraná com a SANEPAR, exemplos reais de que é possível atenuar o impacto ambiental da disposição do lodo, com vantagens econômicas.
Ambas tecnologias são totalmente factíveis para nossa realidade aqui em Vitória da Conquista. Eu conheço detalhadamente a tecnologia e a operacionabilidade  para aplicação de ambas na nova estação de tratamento de Vitória da Conquista, aliás, na oportunidade da exposição à Diretoria Tecnica da EMBASA foi exposto o custo e o cronograna de ambos projetos. Infelizmente, a cidade ainda não conquistou esta vitória.
Pessoalmente, já operei com ambos , e defendo os dois, pois entendo que podem perfeitamente serem aplicados na nova ETE, com economia de recursos financeiros e ambientais. 
A compostagem é um processo mais lento, exige maiores espaços. A secagem é praticamente instantânea, os equipamentos ocupam  espaços  reduzidos e o biossolido pode ser aplicado de imediato, porem exige investimentos maiores.
E ambas técnicas podem perfeitamente serem aplicadas na operação de esgotamento do “Pinicão”, quando for definitivamente desativado pela entrada de operação da nova ETE. 
As lagoas de estabilização podem ser dragadas, desaguado o lodo através de decanter (centrifuga) e depois passadas em um secador térmico a biomassa, atraves de equipamentos móveis contratados especificamente para este fim, produzindo no final do processo, um biossolido seco, sanitizado e peletizado, pronto para compor adubação do novo paisagismo planejado na área do “Pinicão”, convertendo-o de uma latrina a céu aberto em uma área saudável de lazer para o cidadão Conquistense. Um novo cartão postal da cidade, uma aula viva de educação ambiental, do uso correto do erário publico. Quem sabe, um belo exemplo nacional. 
Uma Vitória ainda à ser Conquistada
Renato Ariboni , biologo  ariboni.renato@gmail.com