20 janeiro 2013

SAF Sistema Agroflorestal como recuperador de área degradada

Muito se fala sobre a destruição das florestas pelo homem e sobre os riscos que a agricultura apresenta aos biomas nos quais ela é implantada. Mas nem tudo está perdido. Muito, aliás, anda sendo recuperado através de um sistema de produção que estimula a plantação de espécies agrícolas e florestais em uma mesma área. 
O Sistema Agroflorestal, também conhecido como “SAF”, que vem tornando possível a produção de grãos, frutos e fibras com o cultivo de diferentes espécies e incentivando agricultores na recuperação de áreas florestais no Brasil.
Com a ajuda de órgãos como a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), podemos tornar  possível o sonho de viver da própria produção sem fazer mal à natureza.
De Norte a Sul do Brasil, muitas áreas desflorestadas da Região Amazônica e da Mata Atlântica estão passando por esse processo de recuperação. 
A Embrapa faz o monitoramento de algumas dessas áreas por meio de satélites e, com as imagens, conseguimos saber a distribuição espacial dessas agroflorestas e monitorar sua evolução, subsidiando assim o planejamento do agricultor, fornecendo ainda o arcabouço técnico-científico para algumas políticas públicas de incentivo à implantação de sistemas agroflorestais, a exemplo do PRONAF Florestal (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar)”, através da Embrapa Monitoramento por Satélite.
Normalmente, parte do próprio produtor buscar alternativa para produzir nas áreas e recuperá-las. Em muitos casos, isso acontece quando eles se dão conta de que os espaços onde costumavam cultivar uma cultura ou que destinavam à pastagem estão degradados. Quando a opção é investir em uma agrofloresta, o agricultor tem grande chance de extrair disso benefícios econômicos, com a venda de seus produtos; e sociais, porque isso caracteriza sua fixação no campo. Para o meio ambiente, os benefícios são diversos:
A implantação de agro-florestas faz com que a biodiversidade, tanto da fauna quanto da flora, se eleve automaticamente. Num SAF, também se vê o acréscimo de matéria orgânica no solo, diminuindo a erosão do solo dessas áreas. Ou seja, a quantidade de sedimentos que vão para os rios são menores. Há um significativo aumento da biomassa e do carbono fixado. Conforme a região, um hectare de pastagem degradada possui aproximadamente 2 toneladas de carbono acima do solo, já um hectare de agrofloresta pode chegar a 100 toneladas.
O sistema que promove a integração de florestas com a agricultura pode ser implantado em qualquer bioma de qualquer região. Para que os agricultores tenham resposta rápida, o ideal é que escolham espécies típicas de sua região. E misturar espécies agrícolas, gramíneas, arbustivas, frutíferas e florestais é permitido. O agricultor só precisa estar preparado para o tempo no qual cada uma vai se desenvolver e produzir.
 É diferente de uma monocultura, onde o foco e a implantação de uma cultura única, como por exemplo, milho, feijão, banana, cacau, açaí ou seringueira. Quando se planta tudo ao mesmo tempo, em geral, no primeiro ano o agricultor vai colher milho e o feijão. Já as espécies frutíferas produzem no segundo ano e as florestais nos anos posteriores, conforme as condições do solo e clima da região. Tudo isso forma uma composição diversificada.
Uma grande vantagem para o agricultor é não precisar lidar com “pragas e doenças”. Como a biodiversidade é elevada, dificilmente elas atacam espécies presentes em agroflorestas:
Se aparece uma lagarta, por exemplo, rapidamente um passarinho vem comê-la.    Nós , os biólogos, chamamos isso de controle biológico, portanto, um controle natural . Dessa forma, os agricultores não precisam utilizar agrotóxicos e podem vender seus produtos como orgânicos, até com certificação.
Para diferenciar uma floresta de uma agrofloresta é só verificar a quantidade de espécies presentes na área e sua distribuição espacial na região:
A agrofloresta possui em torno de dez a vinte espécies. Já uma floresta natural possui centenas de espécies por hectare. Utilizando ainda as imagens de satélite podemos ter uma visão sintética da distribuição espacial dessas áreas, produzindo informações e mapas que são fundamentais no planejamento do uso da terra e em processos de tomada de decisão para o agricultor e para os órgãos públicos.

Trabalhando em um projeto de biocombustíveis, visitei algumas fazendas de dendê na região do médio oeste do Estado do Pará , que continham projetos de agroflorestas, desenvolvidas justamente pelas exigências das condicionantes das licenças ambientais para a instalação  dos projetos de monocultura do projeto, e acabaram tornado-se os “olhos da menina” das fazendas, pois os seus proprietários verificaram além da melhoria das condições ambientais , o agregado social da questão, o desenvolvimento de especies animais praticamente extintas da região, tudo catalizando a recuperação das áreas degradas propostas, com a expectativa que também venham a participar nos resultados econômicos do projeto, pois neles estão contidos muitas espécies de madeira de lei, naturais da região, já autorizadas para exploração econômica, ressalvadas as condições de extração planejada e autorizada pelas autoridades do meio ambiente.
È o homem que entende e respeita a natureza, e ela lhe devolve , como agradecimento.
Seguem algumas fotos destes sistemas do local visitado,




por Renato Ariboni, biologo     ariboni.renato@gmail.com